O documento se baseou em duas temáticas principais em torno
da prostituição: insegurança alimentar e saúde mental
O Relatório da Rede Oblata reúne dados quantitativos e qualitativos das ações realizadas nas quatros unidades que compõem a Rede no país. O objetivo do documento é provocar a reflexão, ao mesmo tempo em que apresenta um balanço sobre a realidade das mulheres que exercem a prostituição e que são atendidas pela instituição em Juazeiro, Salvador, Belo Horizonte e São Paulo. As principais reflexões se dão em dois eixos: a insegurança alimentar e a saúde mental, ambos agravados pela pandemia.
Sobre o primeiro, a Rede desenvolveu ações e articulações para diminuir a fome e as necessidades básicas das mulheres, firmando parcerias com instituições sensibilizadas pela missão e que possuem um olhar humanizado para as mulheres vulnerabilizadas, em contexto de prostituição. O relato de uma das atendidas pelo núcleo de Juazeiro, evidencia o nível grave de insegurança alimentar. “Tem dias que a mistura é salsicha, tem dias que não é nada, ovo nem compro mais porque está muito caro”, lamentou E. T. A. S. – atendida pela Pastoral da Mulher. Em 2021, a Rede Oblata, através de doações diretas ou por meio de parcerias, doou 725 cestas básicas. Além disso, viabilizou que 191 mulheres tivessem o às cestas básicas através de vouchers das Prefeituras.
Em paralelo com a dificuldade de garantir comida na mesa, as mulheres atendidas ficaram mais propensas a um sofrimento invisível e crescente: o comprometimento da saúde mental. A Rede Oblata ressalta que, dentro do recorte das mulheres em contexto de prostituição atendidas pela instituição, que estão em extrema vulnerabilidade social, pode-se apontar alguns fatores desencadeantes do adoecimento mental, como a própria vulnerabilidade em que vivem, a insalubridade dos locais de trabalho, do risco de violência, do preconceito acerca da prostituição, dificuldade de o aos direitos básicos de sobrevivênciaentre, dentre outros motivos. Queila Manso é Terapeuta Floral no núcleo de Belo Horizonte e notou mudanças positivas através do tratamento alternativo de suas pacientes. “Algumas aram a dormir melhor, diminuíram consideravelmente a ansiedade, a agressividade e estados depressivos e obsessivos. Também conseguiram se organizar melhor, ficaram mais motivadas a buscar trabalhos fora da prostituição e algumas voltaram a estudar”.
Ao longo do ano, a Rede Oblata promoveu mais de 18 mil acolhimentos virtuais e 1983 atendimentos presenciais recorrentes para 1.119 mulheres assistidas por uma equipe multidisciplinar. Foram 501 atendimentos de práticas integrativas, nas quais estão inclusas auriculoterapia, ventosaterapia, massagem, florais e Reiki. Com um olhar para a saúde integral, além dos plantões de saúde realizados com a presença de profissionais voluntários, a equipe atuou no combate às fake news e incentivou as mulheres a buscarem pontos de vacinação contra a COVID-19 e H1N1, bem como distribuiu máscaras e kits de higiene pessoal.
De fevereiro a novembro, a Rede desenvolveu 14 ações entre lives, podcasts, curso (5 módulos) e seminários online, sempre debatendo diretrizes acerca da garantia dos direitos humanos, os contextos da exploração sexual, saúde mental, entre outros.
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