A vida nos ensina, de formas muitas vezes dolorosas, que nem sempre podemos esperar dos outros aquilo que nós mesmos ofereceríamos sem hesitação. A maturidade, ao contrário do que muitos pensam, não vem apenas com a idade, mas com as experiências que nos fazem enxergar a realidade sem ilusões.
Quantas vezes você já se decepcionou esperando honestidade de alguém que vive mentindo para si mesmo? Ou confiou em pessoas que não conseguem ser leais nem a elas próprias? Quantas vezes procurou paz onde só havia tempestade? A resposta para todas essas perguntas está na compreensão de que ninguém pode dar o que não tem.
No mundo ideal, todos seríamos íntegros, sinceros e afetuosos uns com os outros. Mas o mundo real nos mostra que muitas pessoas carregam conflitos internos tão profundos que transbordam para suas relações. Quem não consegue ser verdadeiro consigo mesmo não pode ser verdadeiro com os outros. Quem vive se sabotando não pode oferecer apoio sincero. Quem está em guerra interna jamais oferecerá paz.
Isso significa que devemos parar de confiar nas pessoas? De maneira nenhuma. Mas significa que precisamos ajustar nossas expectativas para evitar dores desnecessárias. Precisamos entender que não se trata de maldade ou de intenção deliberada de machucar. Muitas vezes, as pessoas simplesmente não têm em si aquilo que gostaríamos que tivessem.
Pense naquela amizade que se desfez sem explicação, naquele amor que não correspondeu, naquela promessa que nunca se cumpriu. Em vez de se perguntar “por que fizeram isso comigo?”, tente se perguntar “essa pessoa tinha o que eu esperava dela?”.
Não se trata de justificar atitudes ruins, mas de aceitar que cada um só pode oferecer aquilo que possui dentro de si. Se alguém lhe oferece deslealdade, talvez seja porque nunca aprendeu o significado real da lealdade. Se alguém lhe oferece frieza, talvez seja porque nunca experimentou o calor de um afeto verdadeiro. Se alguém lhe oferece guerra, talvez seja porque nunca conheceu a paz.
O problema não está em confiar ou amar, mas em insistir em esperar de alguém algo que ele não tem para dar. A maturidade está em perceber que a falta não é sua, mas do outro. Você não errou ao ser verdadeiro, ao ser honesto ou ao ser leal. O erro não está em você, mas na sua expectativa de que o outro agiria da mesma forma.
Aceitar essa realidade não significa endurecer o coração ou deixar de acreditar nas pessoas. Pelo contrário, significa se libertar da frustração de esperar o impossível. Significa entender que cada um dá aquilo que tem, e que cabe a nós decidir se queremos receber ou não.
Então, da próxima vez que sentir que alguém não lhe deu o que esperava, pare e pense: essa pessoa tem isso dentro dela para oferecer? Se a resposta for não, siga em frente sem ressentimentos. Não carregue a dor daquilo que não depende de você. A vida fica mais leve quando aprendemos a aceitar as pessoas como são, e não como gostaríamos que fossem.
Este artigo foi escrito pelo jornalista André Luiz Santiago Eleutério.