A mesatenista Bruna Alexandre tem a meta de ser a primeira atleta do país disputar os Jogos Olímpicos e Paralímpicos. A paulista, de 28 anos, que teve o braço direito amputado aos três meses de vida, devido à uma vacina mal aplicada, está perto da quarta Paralimpíada da carreira, entre 28 de agosto e 8 de setembro de 2024, em Paris. Ela, porém, quer chegar mais cedo à capital sa e também disputar a Olimpíada, de 26 de julho a 11 de agosto.
Atuar com atletas sem deficiência não é novidade para Bruna, que começou a praticar tênis de mesa aos sete anos e somente aos 12 conheceu o esporte paralímpico. Mesmo assim, não deixou de enfrentar jogadoras do tênis de mesa “convencional”. A paulista disputa o circuito nacional feminino “olímpico” e foi, inclusive, a campeã brasileira do ano ado. Em 2019, a mesatenista obteve vaga, por meio de seletiva, à seleção que disputou os Jogos Pan-Americanos de Lima (Peru).
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“Em 20 anos de carreira, o que me ajudou muito a estar entre as melhores do mundo no paralímpico foi o olímpico. Nele, jogo com pessoas com os dois braços, que não têm nenhuma dificuldade de equilíbrio, então, quando vou ao paralímpico, não sinto essa dificuldade. O paralímpico tem um jogo diferente, mais fechado, enquanto o do olímpico é mais aberto. Estou aprendendo todos os dias [sobre] essas diferenças”, explicou Bruna.
No tênis de mesa paralímpico, os atletas com deficiências de locomoção são divididos em dez classes. Quanto maior o número da categoria, menor o grau do comprometimento físico-motor. Terceira do mundo na classe 10, Bruna está quase classificada à Paralimpíada de Paris pelo ranking mundial da Federação Internacional da modalidade (ITTF, sigla em inglês), mas pode assegurar a vaga já em novembro, sem depender da lista, se for campeã da categoria nos Jogos Parapan-Americanos de Santiago (Chile).
“Em maio, jogo um último campeonato para cumprir as exigências [da ITTF] para a Paralimpíada de Paris. Depois, começo em junho [a jogar] os campeonatos olímpicos internacionais. A partir daí, consigo entrar no ranking mundial olímpico e tentar vaga nos Jogos Pan-Americanos [que também serão em Santiago] e na Olimpíada”, disse a paulista, que tem quatro medalhas paralímpicas (uma prata e três bronzes) e um título mundial nas duplas mistas, no ano ado, em Granada (Espanha), ao lado de Paulo Salmin.
É PRATA! 🥈🥈
Em uma partida disputadíssima, Bruna Alexandre é derrotada pela australiana Qian Yang por 3 sets a 1 e fica com a segunda posição na classe 10. Você jogou MUITO, Bruna! PARABÉNS 💛💚#ParalimpicoEmToquio #JogosParalimpicos pic.twitter.com/WhOlFZbNLJ
— Comitê Paralímpico Brasileiro (@boficial) August 30, 2021
O caminho olímpico é mais complicado. A seleção feminina, primeiro, precisa se classificar à Paris, o que significaria garantir três vagas ao Brasil. Se isso acontecer e os critérios de convocação forem os mesmos da Olimpíada de Tóquio (Japão), em 2021, dois lugares serão às jogadoras do país mais bem posicionadas no ranking – atualmente, Bruna Takahashi (40ª) e Luca Kumahara (113º) – e um definido por escolha técnica.
A inspiração para acreditar no sonho olímpico vem de uma das grandes rivais de Bruna no paralímpico: Natalia Partyka. Dona de nove medalhas em Paralimpíadas, sendo seis de ouro (quatro no individual), a polonesa, de 33 anos, também competiu em quatro Olimpíadas. Em março deste ano, a brasileira conquistou uma inédita vitória sobre Partyka, na final do Aberto de Lignano (Itália).
“Foi um o muito grande. Tinha jogado cinco, seis vezes com ela, nunca havia ganhado. Estou muito feliz e motivada. [Na Paralimpíada] Tenho um bronze e uma prata no individual, então, em Paris, quero conseguir o ouro. Nos Jogos Olímpicos, sei que é muito difícil conseguir uma medalha, mas ficaria muito feliz de estar lá, disputando de igual para igual e mostrando que a deficiência não é nada”, concluiu.