Na tentativa de se recompor após o afastamento temporário da presidente Dilma Rousseff, o PT deve lançar o ex-ministro Patrus Ananias na corrida pela Prefeitura de Belo Horizonte. Pela primeira vez desde que as articulações pelas eleições começaram, Patrus itiu a possibilidade, ao Hoje em Dia.
“Todas a minhas decisões são feitas em conjunto com os movimentos sociais e os partidos aliados. Mas tenho um cuidado e uma atenção especial com Belo Horizonte. Tenho conversado com as pessoas”, afirmou, após ponderar que está preocupado, no momento, com “a questão nacional”.
É justamente pensando na questão nacional que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva procurou Patrus. A interlocutores, Lula tem dito que o PT não pode envergonhar-se e correr o risco de perder poder pelo país. Por isso, a ideia é lançar candidatos em cidades consideradas chave, pelo número de eleitores e pelo peso político.
Na corrida pela sucessão ao prefeito Marcio Lacerda (PSB), o PT terá como principal adversário o PMDB, aliado na esfera estadual. Um racha entre os deputados federais Leonardo Quin-tão e Rodrigo Pacheco ainda impossibilita que o partido bata o martelo.
PSDB
Em outra frente, os aliados Marcio Lacerda (PSB) e Aécio Neves (PSDB) tentam consenso, ainda sem sucesso, em torno de uma chapa única. Mas deputados estaduais e federais do PSDB posicionaram-se a favor da candidatura própria, algo que não aconteceu nas últimas disputas, em 2008 e 2012, quando houve apoio a Lacerda.
“O PSDB tem grandes quadros e é o partido que mais cedeu nos últimos anos. Aécio foi o grande fiador nas duas eleições do Lacerda. É o momento de o Marcio retribuir isso”, avalia o deputado estadual João Vítor Xavier (PSDB).
O nome do deputado estadual João Leite é colocado, mais uma vez, como aposta do partido. De acordo com pesquisas qualitativas feitas pelo PSDB, João Leite teria aproximadamente 20% de intenções de voto na largada. Mas teria pouco fôlego no desenrolar da campanha, por ser visto pejorativamente, por parcela do eleitorado, como defensor dos direitos humanos.
Leite – Deputado estadual é o nome do PSDB, que tenta acordo com o PSB
A opção de Lacerda
Nos últimos meses, o prefeito Marcio Lacerda vem construindo a candidatura do presidente da Cenibra e ex-secretário de Estado de Cultura Paulo Brant, que se filiou ao PSB. Brant coloca-se como pré-candidato, e na última semana, esteve reunido com vereadores de Belo Horizonte para se apresentar como opção da base governista.
Na ocasião, ponderou que o fato de ser pouco conhecido não é um impedimento, mas um trunfo. Também disse que não deixa a vida privada para ser vice numa eventual disputa. O perfil técnico do pré-candidato é visto, no entanto, com ressalvas por setores do PSDB.
Brant – De perfil técnico, é nome preferido pelo prefeito, mas enfrenta rejeição de aliados
Em meio ao dilema, aliados de Aécio e Lacerda apontam a possibilidade de lançar o atual vice-prefeito, Délio Malheiros (PSD). Délio já declarou que pretende candidatar-se. “Seria uma opção viável, já que Délio mostrou-se fiel a Aécio e Lacerda. E acabaria com a disputa entre os grupos do senador e do prefeito”, afirmou um interlocutor do PSDB.
Délio trocou o PV pelo PSD com vistas à sucessão. “Escolhi um partido que dialoga com os dois nomes (Aécio e Lacerda). Tenho procurado agir com muita colaboração”.
Desprestígio com Temer provoca racha no PMDB mineiro
Após o desprestígio mineiro na composição do governo federal, o deputado federal Leonardo Quintão (PMDB) entrou na disputa do partido pela vaga de candidato à Prefeitura de Belo Horizonte.
O nome do deputado federal Rodrigo Pacheco estava sendo construído, nos últimos meses, com o aval do presidente Michel Temer. No entanto, Quintão, presidente do diretório municipal do partido, colocou-se na disputa, após ser preterido para a liderança do PMDB na Câmara dos Deputados.
Quintão, que foi candidato pelo partido em 2008,tem a favor a possível maioria dos delegados da sigla numa eventual convenção municipal, e é um nome conhecido dos eleitores, como indicam as pesquisas internas do PMDB.
No atual cenário, marcado pela redução na duração de campanha e nos dias disponíveis para a propaganda eleitoral no rádio e na TV, ser um rosto conhecido seria um trunfo, conforme aliados.
No entanto, de acordo com membros do partido, as mesmas pesquisas do PMDB indicam que Quintão apresenta índices de rejeição consideráveis, e as lideranças têm buscado alternativas para a construção de um consenso em torno de Pacheco. O próprio Temer deu aval à provável candidatura.
“O meu nome foi colocado e tem uma boa aceitação. Essa definição ará por várias lideranças, como o vice-governador, Antônio Andrade, e o secretário de Saúde, Sávio Souza Cruz. A definição a pela deliberação das lideranças. Espero que seja definido nos próximo dias”, colocou Pacheco.
Já Quintão aposta na exposição da imagem dele. “Isso acabará ajudando na hora da escolha pelo partido: quem for o candidato mais conhecido pelo eleitor e quem já tiver sido mais testado pelas urnas levará vantagem. Teremos uma definição em julho”, diz.
Pacheco rebate. “Obviamente, quem é mais conhecido tem mais condições. Mas isso não significa que em 45 dias de campanha não se possa apresentar propostas e tornar-se conhecido”.
Pesaria a favor de Pacheco a possibilidade de construção de alianças tanto com a base do governador Fernando Pimentel (PT) quanto com os tucanos.
Alijados
O PMDB mineiro não conseguiu emplacar quadros na composição ministerial de Temer. Também não obteve a liderança do partido na Câmara, cargo almejado por Leonardo Quintão. Nos bastidores, a informação é a de que existe desconforto com a falta de prestígio nacional.
Alterações na legislação eleitoral desafiam partidos
Além dos adversários, as eleições deste ano trazem desafios adicionais aos partidos, com as alterações no financiamento, tempo de campanha e apresentação das candidaturas, pontos definidos pela reforma eleitoral de 2015.
A principal alteração é a proibição de doações de pessoas jurídicas (empresas), que foram consideradas inconstitucionais pelo Supremo Tribunal Federal. Com isso, somente o fundo partidário (cujo o pelos partidos é proporcional ao número de deputados federais que eles possuem) e as doações de pessoas físicas poderão sustentar as campanhas.
Além disso, os partidos poderão gastar, no primeiro turno, no máximo 70% do maior valor utilizado na campanha anterior em cada município. A lei ainda determina que em cidades com até 10 mil habitantes, a restrição é de R$ 100 mil para candidatos a prefeito e R$ 10 mil para vereador.
“Teremos que buscar alternativas, como intensificar ações na internet e realizar eventos para a captação de recursos com apoiadores”, diz o atual vice-prefeito de Belo Horizonte, Délio Malheiros (PSD).
O tempo para as campanhas foi reduzido de 90 para 45 dias, tendo início em 16 de agosto. Nesse período, o horário eleitoral gratuito no rádio e na TV ará a ser distribuído em dois blocos de dez minutos, cada, e outros 70 minutos ao longo do dia – também proporcionais à representação dos partidos na Câmara dos Deputados.
A lei prevê, ainda, a figura do pré-candidato, que pode se posicionar sem que isso seja visto como campanha antecipada, desde que ele não peça votos explicitamente. E o registro das candidaturas foi postergado, ando de 5 de julho para 15 de agosto.